Lipedema: Quando a Gordura É uma Doença !
- Equipe TBW
- 2 de jul.
- 2 min de leitura

O lipedema é uma doença crônica, progressiva e ainda pouco reconhecida, caracterizada pelo acúmulo anormal e doloroso de tecido adiposo, principalmente em pernas e braços, que não responde às abordagens tradicionais de emagrecimento.
Embora frequentemente confundido com obesidade ou linfedema, o lipedema é uma condição distinta, com características clínicas e histológicas próprias. Segundo a Obesity Reviews (Wold et al., 1951; Buck et al., 2016), a estimativa é que afete até 11% da população feminina mundial, com impacto direto na qualidade de vida.
O que é lipedema?
Descrito pela primeira vez na década de 1940, o lipedema é definido como um distúrbio do tecido adiposo que leva ao acúmulo simétrico de gordura nos membros inferiores (e, em alguns casos, nos superiores), poupando mãos e pés. É uma condição quase exclusivamente feminina, relacionada a alterações hormonais, e pode se agravar com a puberdade, gestação ou menopausa.
Os principais sintomas incluem:
Acúmulo desproporcional de gordura
Sensibilidade ao toque e dor espontânea
Hematomas fáceis
Edema que piora ao longo do dia
Resistência à perda de gordura mesmo com dieta e exercício
Estágios clínicos do lipedema
O lipedema é classificado em quatro estágios progressivos:
Estágio 1 – Pele ainda lisa, mas com acúmulo de gordura visível e dolorosa ao toque.
Estágio 2 – Superfície da pele irregular, com nódulos palpáveis de gordura e fibrose.
Estágio 3 – Presença de grandes massas de gordura que deformam pernas e joelhos.
Estágio 4 – Lipedema com linfedema associado (lipolinfedema), causando limitação funcional grave.
Essa classificação foi discutida por Schmeller et al. (2006) e ratificada em diretrizes europeias sobre tratamento do lipedema.
Diagnóstico: como diferenciar lipedema de obesidade ou linfedema?
O diagnóstico é essencialmente clínico, mas pode ser auxiliado por exames complementares para exclusão de outras doenças:
Bioimpedância segmentar multifrequencial, que avalia a distribuição de gordura e água corporal
Ultrassonografia e ressonância magnética, para identificar alterações no tecido subcutâneo
Exames linfáticos, para diferenciar de linfedema
Histologia, em casos cirúrgicos, revela hipertrofia adiposa com inflamação crônica
Conforme documento da International Lipoedema Association (2021), o reconhecimento precoce é crucial para evitar evolução para estágios mais graves, além de reduzir o sofrimento psicológico associado.
Avanços no tratamento: novas perspectivas
O lipedema ainda não tem cura, mas a abordagem terapêutica tem evoluído com base em evidências científicas. Os principais pilares do tratamento são:
Tratamento conservador
Fisioterapia linfática e drenagem manual
Terapia compressiva com meias elásticas
Atividade física adaptada, como hidroginástica e caminhada
Dieta anti-inflamatória, preferencialmente com baixo teor de carboidratos refinados
Acompanhamento psicológico e educacional
Tratamento cirúrgico
A lipoaspiração tumescente com preservação linfática, quando indicada, tem demonstrado redução significativa da dor e melhora na mobilidade. Estudos como o de Stutz (2014), publicado no Dermatologic Surgery Journal, mostram que pacientes submetidos à técnica tiveram melhora sustentada dos sintomas por até 5 anos.
Além disso, tecnologias como bioimpedância multifrequencial vêm sendo incorporadas na prática clínica para monitorar o progresso de maneira mais objetiva e segmentada.
O lipedema é uma condição real, progressiva e frequentemente negligenciada, com impacto profundo na vida física e emocional de milhares de mulheres. Felizmente, os avanços na ciência e na tecnologia têm contribuído para um diagnóstico mais preciso e tratamentos mais eficazes.
É papel fundamental dos profissionais de saúde reconhecer os sinais do lipedema, orientar adequadamente e atuar de forma integrada no cuidado do paciente.