O Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, foi inicialmente desenvolvido para o tratamento do diabetes tipo 2. Recentemente, seu uso indiscriminado para perda de peso tem gerado preocupações significativas na comunidade médica.
No entanto, estudos recentes indicam que a perda de peso associada ao uso do Ozempic não se limita apenas à gordura corporal, mas também inclui uma redução significativa de massa magra, que engloba músculos, órgãos e ossos.
Uma pesquisa publicada na revista The Lancet em 2024 revelou que aproximadamente 39% do peso perdido por usuários de semaglutida provém de massa magra. Essa descoberta levanta preocupações sobre os efeitos do tratamento no corpo, especialmente porque a massa magra é essencial para o metabolismo, força física e saúde geral. A redução significativa dessa massa pode levar à fragilidade, diminuição da capacidade física e um metabolismo mais lento, dificultando a manutenção do peso perdido.
A perda de massa muscular é particularmente preocupante para indivíduos mais velhos, pois pode aumentar o risco de quedas e fraturas. Especialistas enfatizam a importância de combinar o uso de medicamentos como o Ozempic com a prática regular de exercícios físicos, especialmente musculação, e uma dieta rica em proteínas para minimizar a perda de massa magra e manter um equilíbrio saudável entre a perda de gordura e a preservação dos músculos.
Especialistas alertam que a interrupção abrupta do medicamento pode resultar no chamado "efeito rebote", onde o peso perdido é recuperado rapidamente, muitas vezes em quantidades maiores do que as inicialmente perdidas.
Estudos confirmam a eficácia da semaglutida na redução de peso e melhoria dos marcadores metabólicos, mas destacam a necessidade de mais pesquisas para uma compreensão completa dos efeitos de longo prazo e os impactos em diferentes grupos populacionais. O uso sem um acompanhamento médico adequado pode levar a diversos efeitos colaterais. Há relatos mais graves, como pancreatite e complicações renais.
A popularização do Ozempic para fins estéticos tem levado à escassez do medicamento nas farmácias, prejudicando pacientes que realmente necessitam dele para o controle do diabetes.
Um estudo observacional publicado na revista eClinicalMedicine da The Lancet sugeriu que o uso da semaglutida pode estar associado a uma redução de 48% no risco de desenvolver demência em comparação com outros medicamentos para diabetes. No entanto, os autores destacam que são necessárias pesquisas adicionais para confirmar esses achados e entender os mecanismos envolvidos.
Pesquisas indicam que a semaglutida pode ter efeitos positivos na redução do uso de nicotina e na melhoria de déficits cognitivos. Esses potenciais benefícios adicionais reforçam a necessidade de estudos clínicos mais aprofundados para avaliar a segurança e eficácia do medicamento em diferentes populações.
Essas publicações refletem um panorama complexo do uso da semaglutida: apesar dos benefícios, seu uso requer cautela e supervisão médica para maximizar os efeitos positivos e minimizar os riscos associados.